Acessibilidade e Inclusão Digital
Meincke Melo, junho de 2005
Em diferen
tes con
tex
tos, há en
tendimen
tos variados para a expressão acessibilidade - às vezes su
tis -, que podem levar a propos
tas diferenciadas de design. Acessibilidade
tem sido associada ao compromisso de melhorar a qualidade de vida de pessoas idosas e de pessoas com deficiência. En
tre
tan
to, ela
também es
tá relacionada com a qualidade de vida de
todas as pessoas, como coloca Romeu Kazumi Sassaki, em
[PDF] Mídia e deficiência, ao dizer que para uma sociedade ser acessível é preciso verificar seis quesi
tos básicos:
- Acessibilidade Arquitetônica
- não deve haver barreiras ambientais físicas nas casas, nos edifícios, nos espaços ou equipamentos urbanos e nos meios de transportes individuais ou coletivos.
- Acessibilidade Comunicacional
- não deve haver barreiras na comunicação interpessoal, escrita e virtual.
- Acessibilidade Metodológica
- não deve haver barreiras nos métodos e técnicas de estudo, de trabalho, de ação comunitária e de educação dos filhos.
- Acessibilidade Instrumental
- não deve haver barreiras nos instrumentos, utensílios e ferramentas de estudo, de trabalho e de lazer ou recreação.
- Acessibilidade Programática
- não deve haver barreiras invisíveis embutidas em políticas públicas e normas ou regulamentos.
- Acessibilidade Atitudinal
- não deve haver preconceitos, estigmas, estereótipos e discriminações.
Ainda, para Sassaki, a denominada acessibilidade tecnológica não constitui um outro tipo de acessibilidade, pois o aspecto tecnológico deve permear os demais, à exceção da acessibilidade atitudinal.
Promover a acessibilidade, em seu sentido mais amplo, portanto, é indispensável ao "movimento" contemporâneo de inclusão digital, considerado um dos mecanismos para viabilizar a inclusão social. A inclusão digital deve transcender aspectos relativos ao custo dos artefatos de computação, acesso físico indiscriminado a esses recursos e educação para o uso da tecnologia.
Atualmente, há uma diversidade de sistemas computacionais desenvolvidos com a intenção de serem utilizados em contextos distintos, por pessoas com diferentes características e interesses, utilizando artefatos de hardware e de software diversificados. Entre esses sistemas, podem ser incluídos muitos daqueles que foram desenvolvidos para serem acessados e utilizados via Web.
No uso de sistemas computacionais, a acessibilidade tem sido, cada vez mais, percebida como uma característica necessária à qualidade no uso, ou seja, à usabilidade. A usabilidade diz respeito à capacidade de um produto ser usado por usuários específicos para atingir objetivos específicos com eficácia, eficiência e satisfação em um contexto específico de uso (ISO 9241-11). Já a acessibilidade ao uso de sistemas computacionais por seres humanos pode ser entendida como a flexibilidade proporcionada para o acesso à informação e à interação, de maneira que usuários com diferentes necessidades possam acessar e usar esses sistemas.
Assim como a usabilidade, a acessibilidade é um conceito relativo, que depende do entendimento das necessidades dos usuários. Um sistema com boa usabilidade, em linhas gerais, pode não ser acessível a um determinado usuário, e vice-versa. Enquanto, por exemplo, a acessibilidade diz respeito a alcançar a informação desejada e conseguir interagir com um sistema, a usabilidade diz respeito, entre outras coisas, a quão fácil e agradável é usar e navegar por esse sistema.
Se um usuário não consegue alcançar os objetivos estabelecidos na interação com um sistema computacional, a usabilidade deste sistema, relativa a este usuário em específico, fica comprometida. A idéia para um design que respeite e considere as diferenças de forma indiscriminada é que os objetivos estabelecidos na interação com um sistema computacional sejam alcançados (acessibilidade) com eficácia, eficiência e satisfação (usabilidade) por um amplo espectro de usuários.
Nesse sentido, embora seja indispensável o desenvolvimento de tecnologia que atenda às necessidades de públicos com características específicas (ex. pessoas com deficiência motora, pessoas com deficiência visual, pessoas com deficiência auditiva, etc), torna-se cada vez mais importante que esse desenvolvimento esteja articulado a um amplo entendimento do que é promover a acessibilidade e a usabilidade. Esse entendimento pode ser apoiado pelas idéias do Design Universal.
Referências
ISO 9241-11:1998 Ergonomic requiremen
ts for office work wi
th visual display
terminals – Par
t 11: Guide on usabili
ty.
MELO, A.M., BARANAUSKAS, M.C. Design e avaliação de
tecnologia Web-acessível. In: COGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE COMPU
TAÇÃO, 25.; JORNADAS DE A
TUALIZAÇÃO EM INFORMÁ
TICA, 2005, São Leopoldo-RS, 25 à 29 de julho. Anais... p. 1500 - 1544.